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Sol nascente, descendente

Este ensaio narra a experiência de uma filha que, aos sessenta e dois anos, conhece seu pai. Estas imagens prestam testemunho de um genro que passa a cuidar de seu sogro. Estas fotografias registram a história de dois netos que ouvem, pela primeira vez, relatos sobre seus antepassados. Enquanto família, conhecemos um ancestral; agora sabemos de onde vem os traços que levamos no rosto, assim como o timbre de nossas vozes que, segundo descobrimos, já habitava o ar, emitida por pulmões que respiraram as manhãs nascidas antes de nós.


Não saberíamos dizer como o homem interpretou nossa chegada quando o encontramos sozinho, chamando-o de “pai”, “sogro”, “avô”. Sabemos apenas que, nos meses em que convivemos diariamente, ele não dizia nossos nomes, ou “filha”, “genro”, “neto”. Se em algum lugar dentro do homem essas palavras produziram algum sentido, ou se apenas mesclaram-se a outras pessoas, sem muito contorno, não podemos dizer. O que sabemos é que nossos antepassados se estabeleceram em Mogi das Cruzes, vindos de Miyazaki, Japão. E se a imagem do sol nascente dá nome ao país asiático, as fotografias deste ensaio testemunham uma busca pelas tremulações tardias dessa luz que, à sua revelia, nos constituiu.

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